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quarta-feira, 6 de abril de 2011
Inferno Dourado
Julguei-me astuto ao cultivar somente a
mim e descobri-me produto da sociedade do caos
que me gerou.
* * *
As prostitutas de Paris
Inventando gestos obscenos
Deixaram os escuros quartos e passaram a fazer do asfalto a cama para os clientes!
A miséria da África miserável foi espalhada em todos os lugares do mundo:
Fome de pão e fome de vida!
*
E quanto a mim: Observo o nascer do sol...
Com tempo e leitura me foram desvendados os principais poetas e movimentos
Dos gregos até os nossos contemporâneos
de Homero ao neoconcretistas, dos românticos aos contemporâneos
Aprendi a executar dissonantes escalas em complexos intrumentos melódicos...
* * *
Os terremotos avançam a estrurura da minh´alma
E a terra toda treme todo dia sem parar. A terra sempre treme.
Maremotos também avançam
Ondas sobre toda a terra....
*
Esmero entender melhor as filosofias pelo globo espalhadas
E dominar minha arte a ponto de superar-me!
Por isso mergulho nos livros
Me abrigo nos textos que eu mesmo escrevi!
* * *
Apartamentos duplex cheirando a relacionamentos fétidos
Meninas estupradas por religiosos
A AIDS governando o mundo
E doentes, aos montes, com chagas purenlas nas faces perambulando na madrugada!
*
Fatos não me interessam mais
Por onde ando, Factuo-me
Aliás, Facto em português de Portugal - maldita seja a mudança! e Factum no latim.
Digo no oculto: Tornar-me-ei elevado como a torre de Babel! Para o céu ou para terra. Não importa.
Colossal para mim mesmo, sim! Pois de que me prestaria o espanto da platéia?
O ego se engrandece nele mesmo!
Ascese da mente! Ascese!
* * *
Decidi empenhar-me nesta nova empresa:
A de me tornar tão grande quanto a minha vida permitir. Tudo vale a pena se a alma não existe!
E nisto também me anulo
Refugio-me na solidão
Abomino as festas, as convenções e as coisas
Abomino pessoas também, é claro... As mais ignorantes sao dignas das maiores abominacões!
Busco um estado primitivo onde me esvazio até das mais suaves marcas a que fui submetido desde a infância.
Valores e costumes são com pedras de tropeço para o homem livre, não me interessam mais...
Nirvana do ser! Nirvana!!! Não a do budismo, equivocada.
Mas a nirvana da vida. Esvaziar-me para encontrar-me.
Quero entender quem sou no escuro. No Silêncio. Numa caverna bem profunda e quieta.
Sem luz! Sim, para ver-me bem!
Comigo mesmo apenas eu! Só e Sozinho para ter certeza que não há ninguém mais.!
Eu! Somente Eu!!!! Repito, somente eu!.. Soitário no ventre da terra para absorver plenitude e verdade.
No vazio e no escuro!
* * *
Sangue escoando pelos ralos
a violência erigida nas mentes.
Balas de borracha penetrando os olhos
E bombas implodindo hipófises!
*
Mas para que me presto? Não sei...
A vida não consiste em prestar para algo
Mas em estar emprestado para ela Em vivê-la. Somente!
Feito uma faca que não corta ou uma lâmpada que não acende
Sim libertos do rebanho, comamos e bebamos que amanhã morreremos!
*******
Passam-se dias e noites no ventre da terra...
Mais dias e noites no escuro profundo...
No reflexo do eu...
Na assimilação solitária de Tudo....
Sem as brisas da sugestão...
Sem os eventos da superfície...
Sem balidos de ovelhas.
De Repente....
*sgfgbhvdfvgafs*
Pertubou-se minha mente. Pertubou-se!!!
Intrigado, olhei para dentro e vi uma chama de cor duvidosa: Azul!
E exposto à chama extravagante
Percebi sob a grossa crosta de mim mesmo
Que não passo, no âmago, de uma criança...
* * * * * * *
Para mim, este é um dos meus melhores textos. Escrevi ele em resposta a um poeta amigo que me havia criticado. Aqui, mudei alguns versos. Quem quiser ler o post original, aí vai o link: http://poesiaazul.multiply.com/journal/item/50/Inferno_Dourado
Saboreiem devagar!
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